O determinismo histórico não pode ser uma categoria racionalista para o mundo empresarial como pressupõem muitos formuladores das teorias das organizações.

Uma das melhores ilustrações de como a historia nos ensina a falsificá-la é a aplicação prática do conceito de Karl Marx de “determinismo histórico”. A crença não cientifica de que a história estaria submetida a determinadas leis, regras e normas foi a fonte e a razão de muitos equívocos e maus caminhos políticos, econômicos e sociais protagonizados por muitos países ao longo da segunda metade do século XIX e de todo o século XX. Marcou a história e produziu efeitos postiços e falsos.Vivemos ainda em plenitude as suas conseqüências.
O determinismo histórico, em verdade, marca profundamente os fatos históricos produzidos no século XX: a presença do comunismo internacional e a contrafacção nacional-socialista dos nazistas e fascistas; as duas grandes guerras mundiais; a divisão do mundo produzido pela guerra fria; as áreas de influência dos blocos socialistas e capitalistas; a divisão da Europa entre paises de um lado ou de outro (leste europeu); o muro de Berlim; a grande caminhada da China com Mao-Tse- Tung; as revoluções na América Latina, Cuba e Che Guevara; a guerras no norte da África e a independência daqueles países; a conturbada situação, que perdura ainda hoje da África negra, são apenas fatos que ilustram a ilusão de que a historia e suas leis seguiam os seus cursos previstos pelo determinismo histórico marxista. São fatos que concretizam a constatação de que a trajetória histórica da humanidade ensina a falsificá-la a partir da adoção dogmática de conceitos assumidos como crenças e verdades cientificas.
Em verdade, a profecia histórica produzida pelo conceito aplicado de determinismo é uma charlatanice!
Podemos também ampliar o conceito de determinismo histórico chamando-o de historicismo.
As bases fundamentais do historicismo , ou seja, a concepção de o objetivo da história é propor previsões e a expectativa de que essas previsões são necessárias para uma análise racional constitui a base essencial do que contaminou a ação humana por aqueles que agiam sob os pressupostos do “socialismo científico”.
A história vista pelos agentes do socialismo cientifico acabaram por produzir a pseudociência do historicismo.
As formulações teóricas produzidas pelo determinismo histórico terminam por nada a ter a ver como ciência para se aproximar de profecias de ciganos nas leituras das mãos ou as previsões diárias dos horóscopos lidas com avidez pelos incautos ou naives.
A crença na idéia de que o processo histórico se faça num progresso continuo, e que a partir daí se possa projetar o futuro, se assemelha á consulta às estrelas ou à astrologia , cujo poder de atração é o mesmo da ideologia e do mito, com sua “racionalidade irracional”.
Na doutrina astrológica a vida social é o destino do qual o homem pode escapar se seguir os bons conselhos do horóscopo visto nos astros. Ele indica as ocasiões favoráveis ou não. A numerologia é uma variante.
Assim também seria a história para os adeptos do determinismo histórico marxista: a economia já está predeterminada, é previsível, as crises são cíclicas, e numa dessas crises cíclicas se inaugurará a nova era do socialismo cientifico.
Em síntese, a falsificação histórica se faz quando se pretende posar de profeta da história. Em verdade, a profecia da história é uma forma de charlatanismo que causou estragos insuperáveis na trajetória humana calcada no determinismo histórico de Karl Marx.
Pretender formular leis históricas é fraudá-la, especialmente a lei do progresso. Muitas vezes é muito mais fácil regredir do que progredir. Basta olhar os fins de tantas civilizações protagonistas da história humana.

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