Assim como a segurança do retorno do astronauta à atmosfera depende de condições especiais – sem as quais ele “se machuca” – também o retorno do treinando à atmosfera de seu trabalho requer condições próprias – sem as quais o reingresso pode tornar-se traumático e destrutivo, não só para ele como também para a organização.
Ainda comparando com o astronauta, os problemas de retorno do treinando podem advir:
a) dele próprio;
b) do treinamento a que se expôs; e
c) da organização a que pertence (no caso do astronauta, do ambiente ao qual retorna).
Poucas organizações – tanto as que compram quanto as que vendem treinamento – enfocam este problema. Esta é uma das mais descuradas causas de desperdício dos recursos aplicados em treinamento. Isto para não falar em malefícios – pois treinamento não e necessariamente útil e pode ser altamente disfuncional tanto para o indivíduo quanto para a organização.
Em verdade, é preciso que a organização sempre se prepare para:
1) Conscientizar o treinando das dificuldades que poderá defrontar aos momentos iniciais de reingresso a sua situação de trabalho.
2) Aprimorar a competência diagnóstica do treinando quanto às características tanto da cultura de sua organização quanto das atitudes de seu superior e de seus colegas, as quais tenham implicações diretas para o seu reencontro com a situação de trabalho.
3) Analisar e discutir, em grupos ou equipes, fatores que contribuem para os problemas de retorno e a incidência desses fatores.
4) Provocar uma “reação antecipada” e, com base nesta, a explicitação de atitudes e medidas preventivas que o treinando pode adotar com vistas a conduzir seu “retorno à atmosfera” sob as melhores condições possíveis de receptividade e ajustamento.
Ao tratar e criar condições especiais de reingresso, o astronauta não morre ao retornar à atmosfera nem o treinando gera turbulências à ambiência organizacional.
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