Um país não tem amigos, tem interesses. É em busca de resultados concretos que deve pautar suas relações com os demais. A China é o maior parceiro comercial e investidor nos Estados Unidos, como também o é no Brasil. Em verdade, Brasil e EUA competem entre si nos agronegócios e nas trocas comerciais com a China. Esta realidade de trocas com a China não é diferente em relação à Comunidade Europeia, composta agora de 26 países, com a recente saída pelo Brexit da Inglaterra. Agora, ao findar os dias do trágico ano de 2020, Bruxelas e Pequim firmam um importante pacto comercial de acesso a mercados e de concorrência para empresas dos setores industrial e financeiro.
Muito bom para a Europa, mas melhor ainda para a China, que aumenta a sua projeção global no cenário mundial, como segunda economia prestes, nos próximos cinco anos, a ser tornar a mais poderosa no concerto das nações.
O acordo permite facilidades de empresas europeias que atuam na China como das chinesas que atuam na Europa no sentido de lançamento de papéis e de aumento de capital. É um passo estratégico na multipolarização da economia globalizada, o que dificulta a retomada da influência americana no MCE. A China ganha importante acesso ao mercado europeu, principalmente na indústria e nas áreas de telecomunicações, energia renovável e internet 5G. A contrapartida também se dará para as empresas europeias em relação aos poderosos mercados asiáticos.
O acordo sino-europeu retrata bem a compreensão de que países não têm amigos, têm interesses. O sentido de busca de interesses evidencia que não se trata mais do radicalismo de agressividades e de preconceitos ideológicos obscurantistas, mas da legítima defesa pragmática dos interesses nacionais de cada parte.
Mergulhado no negacionismo tupiniquim, o Brasil não consegue compreender que deveria estar fazendo exatamente o mesmo, tanto em relação aos EUA, como em relação à Europa e à China. E, assim, vamos ficando cada vez mais para trás no processo histórico.
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