Somos feitos de experiências? Sim, somos! Mas como somos? E o que fazemos com o que somos? A experiência não é o que acontece com a gente, mas o que a gente faz com o que acontece com a gente.
Não basta ter muitas experiências, se elas não forem atualizadas, revistas, refletidas, validadas, criticadas, examinadas. Se não for assim, a experiência é apenas uma lanterna na popa que só ilumina o caminho percorrido. Vinte anos de experiências pode somente ser um ano de experiência repetido vinte vezes! Nenhum conhecimento precede a experiência. Começa por ela!
Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com o que fizeram com você. Oscar Wilde nos diz que “experiência é o nome que damos aos nossos erros”. Mas pode ser uma enorme fonte de aprendizagens, dependendo de como a tratamos.
Voltar os olhos para o passado não é um exercício de arqueologia ou de saudosismo: ajuda a entender o presente e a projetar o futuro. Ajuda-nos a aprender a desaprender, a aprender a aprender, a aprender a pensar. A vida não examinada não vale a pena ser vivida.
O mais das vezes a nossa experiência nos mantém aprisionados dentro de nossas caixas. O mundo nunca esteve tão aberto para nós, mas andamos cada vez mais como prisioneiros em nossas gaiolas particulares.
Ao sairmos da caixa, continuamos a perceber a realidade na nova caixa como se ainda estivéssemos na caixa anterior. É o círculo de ferro da mesma caixa que originalmente nos aprisiona. É a eterna, a pior das prisões. Pautamo-nos, às vezes em demasia, pela experiência arraigada da velha caixa, o que nos faz projetar o futuro preso às circunstâncias já experimentadas.
A experiência é o nosso melhor professor. Mas muitos de nós não reconhecemos as oportunidades de aprendizagens incorporadas aos problemas que enfrentamos no cotidiano. Em extensão e profundidade, isto ocorre porque equivocadamente tendemos a não reconhecer o potencial de aprendizagens existentes em nossas atividades. Pode ser, entretanto, não que os problemas com os quais nos defrontamos não sejam ricos em oportunidades de aprendizagens, mas porque não saibamos como aprender com eles, e, assim, ganhamos muito pouca compreensão do que está disponível para ser explorado.
Em contraste direto às oportunidades perdidas de aprendizagens a partir da experiência, certamente sabemos muita coisa a respeito de como aprender em livros textos. O conhecimento codificado e acumulado em compêndios, em documentários de TV e de cinema, em filmes e vídeos técnicos, nas mídias sociais, nos programas educacionais de rádio. Certamente são todos de grande importância, mas não minimizam a enorme contribuição da aprendizagem a partir da experiência.
O conhecimento codificado nos envolve desde a mais tenra idade até o final de nossas vidas. Como estudantes, tendemos a aceitar que o conhecimento codificado é mais importante do que a aprendizagem com foco na experiência para lidar com problemas porque podemos aprender em poucos anos muito da sabedoria e do conhecimento acumulado em séculos da trajetória humana.
A resultante é que somos condicionados a absorver o conhecimento de sala de aula, menosprezando o que podemos aprender a partir de nossas próprias experiências diretas, com a aplicação adequada dos princípios da resolução de problemas. E, assim, a importância da aprendizagem a partir da experiência tem se tornado enormemente subestimada.
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