A administração vem sofrendo nos último tempos de uma doença difícil de ser combatida, cuja face mais visível são o modismo e as soluções mágicas, que desvirtuam suas próprias raízes, segundo o administrador Wagner Siqueira, presidente do CRA-RJ.
Wagner Siqueira afirma que as escolas de pensamento na administração não raramente se distanciam dos clássicos que sempre nortearam a profissão, tratados como relíquia de um passado distante que não deve mais ser levado em consideração.
P – Você defende a utilização dos clássicos como forma de preservar a essência da administração?
WS – A teoria das organizações não é um exercício intelectual abstrato e sim um mergulho na dinâmica das relações de trabalho, uma espécie de engajamento espiritual na dinâmica da vida organizacional. Estudar clássicos não significa revirar textos arcaicos, pois eles representam pensamentos brilhante que lançaram as bases para compreendermos o mundo corporativo.
P – O ensino da administração no Brasil carece dessa compreensão?
WS – Sim, já que frequentemente cai na armadilha de apresentar obras importantíssimas como peças de museu, sem valor para enfrentar os desafios contemporâneos, o que priva os estudantes não só de adquirirem um conhecimento profundo do assunto como perpetua neles a ilusão de que a inovação surge do vácuo e não do pensamento administrativo que vem evoluindo o longo do tempo.
P – O ensino da administração passa, então, por um período de baixa qualidade?
WS – Eu não generalizaria, até porque muitos dos tais livrinhos modernos encontrados no mercado são meras releituras de clássicos. Apenas reciclam ideias e conceitos originais, cujas fontes não raramente são omitidas. Considero realmente nefastos os livros de autoajuda, vendidos como frutos de experiência e pesquisa quando na verdade não passam de palpites organizacionais de seus autores e busca do lucro fácil.
P – Como enfrentar essas dificuldades no mundo moderno?|
WS – Resgatando o valor dos clássicos da administração em vez de perpetuarmos a superficialidade. A administração, em vez de se render a modismos efêmeros deve, isto sim, revisitar suas raízes, reconhecer a perene relevância dos clássicos e integrar esses ensinamentos à prática contemporânea. É a única forma de construirmos um futuro sólido para a profissão.
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