Diante das transformações do pais, o que será a maior tendencia da administração nos próximos anos?
Certamente, o mundo das organizações será cada vez mais paradoxal. Viveremos crescentemente numa realidade contraditória, que cada vez menos conseguirá se equacionar.
Será preponderante uma forma de comunicação em que os interlocutores estarão submetidos à exigências simultâneas perfeitamente incompatíveis, as quais deverão responder imperiosamente. Será o tempo da esquizofrenia na vida da sociedade em geral, e das organizações, em particular.
Nunca vai se falar tanto da importância do trabalho em equipe, mas se praticará cada vez mais o individualismo. Nunca vai se exaltar tanto os valores intangíveis, ou os bens não contabilizáveis dos balancos das organizações, mas se praticará cada vez mais a busca de resultados tangíveis, da mensuração de metas, da superação ilimitada do desempenho.
Muitos dirão: “eu sou perfeitamente livre para trabalhar 24 horas todos os dias”; “você deve fazer fazer mais e mais com menos e menos”; “aqui não ha problemas, só soluções”; “eu cuido cada vez mais do trabalho fora de minha organização, não importa onde esteja”; “quanto mais eu ganho tempo, menos o tenho”.
Todos podem dar exemplos cotidianos de confrontação com a necessidade de responder às exigências perfeitamente incompatíveis. Tais injunções paradoxais se multiplicarão ao ponto de engendrar um profundo mal-estar , claramente ilustrado por sintomas recorrentes de stress, burn out, o esgotamento físico e psicológico, ateá a depressão e o suicídio. As sequelas produzidas no homem pelas relações de trabalho serão alarmantes.
As ansiedades paranoicas de assedio e esquizoides de fragmentação do individuo como pessoa vão se multiplicar nas organizações, a medida em que as injunções paradoxais se tornarem mais presentes.
Será a psicose organizacional que instituirá’ uma comunicação cada vez mais paradoxal. Qualquer que seja o modo de comunicação, ele terá um substrato paulatinamente patológico.
Bem, se esta tendencia efetivamente se confirmar, como antevejo, como ainda então poderemos falar de patologia organizacional quando o paradoxo se tornara’ uma norma geral de conduta?
Viveremos, se assim o for, em plenitude as circunstancias bizarras de o Alienista, de Machado de Assis.
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