Quando é  o longo prazo? Quantos terão a oportunidade de usufruir das revoluções que vêm por ai? Que prazos durarão os contratos? Quais serão as novas infraestruturas? Quantos anos de vida? Os valores serão cada vez mais transitórios e fugazes? Quem terá emprego na Quarta Revolução Industrial, a dita Economia 4.0? O que mudará na organização social? Onde estarão os centros normativos neste novo milênio ?  Muitas e muitas perguntas, ainda poucas respostas.

As organizações hierárquicas verticais herdadas da era industrial não mais atendem às necessidades de convivência produtiva e de competição com o frescor da modernidade das redes sociais. Não se pergunta se a sociedade está preparada para viver na nova ordem global na qual seremos cada vez mais cidanets ( cidadãos da internet). O problema é que, marcadamente aqui no Brasil, ainda não conseguimos realizá-la mental e gerencialmente. Nossa cabeça ainda está ocupada com o modelo anterior, já superado. Estamos presos ao passado, como adoradores da inércia.

Alguma demandas parecem mais urgentes de atender, como a criação de sistemas colaborativos em todas as expressões da vida nacional. A organização de sistemas colaborativos de logística é uma das mais gritantes necessidades. É um fator decisivo de emperramento da dinâmica do desenvolvimento brasileiro.  A interdependência aumenta tanto pelo avanço da tecnologia quanto pela necessidade de reordenar diálogos de pessoas e de coisas.Enquanto a nossa sociedade de consumo e’dominada pelo individualismo, a nova ordem é gregária, inclusive pela facilidade de comunicação. As formas rígidas e estanques viram redes.

Focar no policentrismo nacional, na organicidade dos sistemas logísticos que se intercomunicam e interatuam, nos investimentos em redes, na educação libertadora, no acolhimento da diversidade, na humanização das instituições, na formação de novas lideranças, na relativização das verdades, na convivência com a ambiguidade, no ataque à desigualdade e no fomento à complementaridade, tudo isso são matérias primas da nova ordem global, mais ainda do Brasil dos tempos presentes. Não podemos ficar fora da economia 4.0 à semelhança do como perdemos o bonde da história da Primeira Revolução Industrial por absoluta incapacidade de ler cenários e de implementar politicas públicas consequentes.

Por mais que a dinâmica da sociedade evolua, não será o voluntarismo que construirá uma nova ordem nacional. Talvez seja bem mais confortável e apacificador gerir instituições do Estado tal como se apresentam hoje. O Brasil precisa tomar consciência de que não se faz mudança com o modelo mental que desenhou o sistema em que, como um cadáver insepulto, ainda vivemos.

Historicamente, há um momento decisivo no processo de desenvolvimento econômico-social das nações, quando o crescimento da produção, a diversificação da economia e a sofisticação da tecnologia levam à obsoletização das concepções e dos métodos de gestão das empresas e do governo, tornando-os inadequados ‘a realidade. Pois, hoje, esse momento encontra-se justamente embutido na crise que o país atravessa: uma crise econômica, financeira, social, política, ética e moral, mas sobretudo, fundamentalmente, uma crise gerencial.
Grande parte das médias e até das grandes empresas ainda é gerida com conceitos e estilos de gestão familiar, e não-científicos. A quase totalidade das pequenas e microempresas vive aos trancos e barrancos, espremida entre a crise e os processos artesanais de gestão. O Estado brasileiro, por seu turno, ainda está longe de ser moderno, mais parece um “Matusalém Jurássico”, que se alimenta vorazmente dos vícios e das deformações, dos privilégios e da lógica patrimonialista anômala e até agora intocável.

O Brasil precisa, mais do que nunca, passar por uma revolução gerencial, que leve a economia e o Estado brasileiros a uma era de gestão científica, moderna e profissional. E a revolução gerencial é o grande momento histórico da Administração, como ciência, dos executivos públicos e privados e dos empresários. Promovê-la e realizá-la, eis o grande desafio que se coloca para o conjunto das organizações e o universo da sociedade, para o Estado brasileiro. Primacialmente, coloca-se também para a logística nacional, um de nossos mais relevantes entraves ao desenvolvimento.

A crise brasileira é uma crise de gestão. Não há sociedade desenvolvida sem dispor de uma gestão competente e eficiente. A boa gestão é o apanágio das nações avançadas. E gestão é com os administradores profissionalizados e bem formados.