A Eletrobras, privatizada em 2022, apresentou aos funcionários, entre eles centenas de administradores, uma proposta de retirada do acordo coletivo, assinado com o sindicato da categoria, a exigência de oferecer um plano de demissão voluntária, caso pretenda reduzir o número de empregados. E também de uma diminuição de 12,5% dos salários de quem ganha acima de R$ 15 mil.
A empresa afirma que não pretende fazer demissões em massa, quer apenas fazer ajuste neste aspecto que vigora há mais de dez anos no acordo coletivo. Ora, se não tem a intenção de demitir, não faz sentido alterar o acordo para colocar no pensamento dos trabalhadores o fantasma do desemprego. Este não é, com certeza, exemplo de uma gestão moderna de organização.
Melhor fariam os novos donos da Eletrobras se administrassem com um mínimo de visão social, com responsabilidade de gerar e garantir empregos num país com 8 milhões de desempregados. A gestão gananciosa, que visa meramente o lucro, está ultrapassada no mundo inteiro, onde as organizações buscam, cada vez mais, oferecer benefícios e salários atrativos a seus colaboradores.
A proposta de retirar a obrigatoriedade de um plano de demissões voluntárias de acordo coletivo de trabalho e a redução salarial de quem ganha acima de R$ 15 mil é legal, mas absolutamente fora de propósito. Mostra que a direção da Eletrobras prepara uma armadilha para os funcionários.
*Adm. Wagner Siqueira é presidente do CRA-RJ, gestor público e consultor organizacional com passagem por diversas empresas.
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