A reportagem-denúncia do Fantástico (Rede Globo) que foi ao ar no dia 17 de março, mostra a facilidade com que diplomas falsos de 2º grau são comprados e expedidos em poucos dias, permitindo inclusive aos seus portadores a obtenção de registro profissional junto a Conselhos de Fiscalização Profissional. Mas essa prática é antiga, sob a complacência das autoridades, pois não é difícil identificarmos anúncios e estabelecimentos bem visíveis e acessíveis a quaisquer interessados. Só não vê quem não quer.

O Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro identificou mais de 200 diplomas falsos de bacharelado em Administração nos últimos 25 anos. Trabalho cuidadoso mas simples de se averiguar junto às instituições de ensino superior, ao indagarmos se os portadores desses documentos protocolados no Conselho são verídicos ou não. Os casos comprovados de fraude são encaminhados pelo CRA-RJ à Polícia Federal.

A grande preocupação que subsiste é como as universidades lidam diariamente com os diplomas, certificados e históricos escolares apresentados pelos candidatos ao ensino superior. Informações de fontes fidedignas nos levam a crer que o furor por resultados financeiros crescentes faz com que as secretarias dessas instituições não tenham qualquer preparo ou cuidado nesse tipo de análise documental. Simplesmente matriculam, em poucos minutos, o novo “estudante universitário”.

E o MEC, que tanto frequenta os campi para certificar se as bibliotecas ambulantes estão no lugar ou se as atas de reuniões dos colegiados estão bem redigidas, sequer se preocupa em verificar se essas admissões de candidatos são criteriosamente realizadas pelas faculdades. Resumo da ópera: podemos estar convivendo com pseudoprofissionais que facilmente obtêm seus passaportes para o mercado de trabalho, requentados pela fragilidade dos órgãos de controle e pelo “desinteresse” de muitos dirigentes do setor de educação.